Vira e mexe sou bastante criticada pela exposição da minha vida no blog e no Instagram, nessas horas que percebo o quanto o brasileiro é hipocrita!Digo isso porque a vida de todos está exposta pra quem quer ver no Facebook, Snapchat etc...
Todos os dias vejo fulano fazendo check in em restaurante ou museu, sicrano que esta se sentindo assim ou assado, beltrano colocando textinhos revoltados sobre política de direita ou esquerda e aquele outro que sempre posta fotos sem legenda para que todo mundo comente.É mentira minha??
Nos EUA ter blog é super comum, se expor é muito natural e por que? Segurança? Talvez, as pessoas pouco se interessam na vida dos outros? Pode ser também, as críticas são irrelevantes? Nao sei!Só sei que sigo muitas blogueiras que vivem de seus blogs sem virar chacota ou ter que fazer coisas ridículas para isso, elas apenas relatam seus dias com muita verdade.Exatamente o que eu venho fazendo aqui há anos!!!
Muitas vezes(a maioria das vezes) eu escrevo para ajudar, dar ideias, inspirar,dividir o que eu sei ou aprendi, outras vezes eu escrevo porque é a forma mais confortável e apropriada que tenho de me expressar, sou filha de poeta, casada com outro poeta , escrever me liberta, deixa minha alma leve.
Eu escrevo para quem quiser ler, escrevo para quem não gosta de ler, escrevo pra mim, escrevo pra ter esse diário maravilhoso da minha vida.Realmente não me importo se alguém vai ler ou não, já parei de me importar há um tempão.Hoje quero só continuar esse livro lindo que comecei há 7 anos atras...
Claro que nesse capítulo não poderia faltar o pior dia das nossas vidas até hoje(digo nossa, porque com certeza foi o pior pra muita gente a nossa volta, digo até hoje pq sei que ainda vou ter que enfrentar coisas duras),dia em que nosso pequenino Dom ,literalmente escorregou das nossas mãos.
Estava tendo um sangramento pequeno no final de março, fiz um ultrassom e o médico Dr Ronaldo da Sonar ,disse que estava tudo normal.Sai de lá meio cabreira,porque não pedi pra ouvir o coração dele?Estranho, o ultra foi rápido e o médico mal olhou na minha cara,cisma?talvez
Voltei pra casa tranquila, afinal tinha a festinha do Dan pra realizar naquele sábado.
Dias se passaram e o sangramento parou, estava me sentindo bem,sem enjoo e no feriado de 21 de abril , começou o sangramento outra vez.Fui a minha primeira consulta com uma obstetra muito boa Dr Claudia Laranjeira e lá não conseguimos ouvir o coração do Dom, ela me tranquilizou e disse que era difícil nessa fase, me pediu um ultrassom de emergência.
Na quinta 27, fui toda feliz fazer o ultra, sério, não sei o que aconteceu comigo naquele dia, eu estava radiante,sem pressentimentos ruins e para meu choque, no ultrassom não havia batimentos . Na hora a ficha não cai, é como se você não estivesse ali, como se,se você saísse correndo dali tudo ficaria bem, só que não!
Demorou uns minutos ainda para terminar, ela mediu o fêmur e de acordo com o tamanho, ele parou de crescer na 15 semana, nos meu cálculos eu estava na 18 semana, ou seja, há 3 semanas meu bebê já havia morrido.Que dor!
Sai da sala me sentindo vazia, muito vazia .Ricardo estava em pânico, ele sentiu!!!
Quando ele chegou,nos caímos no pranto,eu juro que nunca chorei tanto em toda minha vida,porque ali,morriam os nossos planos,nossos sonhos,o irmãozinho do Dante...
Fiquei no ambulatorio,me deram um abortivo e mal sabia eu que o pior ainda estava por vir.Fomos para o quarto por volta da 23:30 e minha amiga Tânia estava o tempo todo do nosso lado,nunca vou esquecer disso,acho que nunca vou esquecer esse dia.
Tomei a segunda dose do abortivo e meia hora depois,comecei a sentir cólicas terriveis.Fui ao banheiro e senti um líquido escorrendo,minha bolsa tinha rompido,Que tristeza,eu sempre quis ter essa sensação da bolsa estourando,na gravidez do Dan eles estouraram na mesa do parto.
Quando sentei no vaso vi algo pendurado,marido correu e tentou ajudar,eram suas perninhas,a partir daí minha ficha realmente caiu,EU IA TER QUE PARIR MEU FILHO MORTO.Nenhuma mãe merece ver ou viver isso,foi horrível,chocante,ver as perninhas do meu pequeno,ali,sem vida,toda formadinha,com os dedinhos minúsculos e o pior é que eram idênticas aos do Dan,juro elas eram!
Me perguntaram se eu senti a dor física e eu juro que não lembro,estava anestesiada pela dor emocional,nunca gritei tanto e vi o brilho que tanto amo no olhar do marido embaçar,estava mesmo acontecendo aquilo.
A médica chegou a tempo de puxar o corpo do bebe e todos gritavam para que eu não olhasse,eu queria ter uma imagem do meu pequeno,queria guardar para sempre,se eu não visse,não me perdoaria.Acontece que o bebe já estava se desintegrando,ele estava morto ha muito tempo e na saída,veio só o corpo,sem a cabeça.
Dá pra imaginar o circo do horrores?Nem tente!Quando me levantei para ir para maca,a cabecinha saiu,não me deixaram ver o rostinho dele,falaram que não estava bom de se ver.Engraçado como a gente tende a romancear tudo,achava que ia sair o bebe dentro da placenta como uma bolinha e que eu fosse pegar na mão e minha dor fosse se acalentar assim,sabe de nada...
Fui para o centro cirúrgico e só pensava no Dante,o que eu iria falar pra ele?o que eu iria falar pra mim mesma?Tomei a rack para a curetagem e meia hora depois já estava no quarto,junto comigo um marido desconsolado e uma família interrompida.
Todo o material tirado de mim,foi para o laboratório para estudos e descobrir a causa,nem sei se quero saber.
Desculpem pelo texto enorme,pelas partes trágicas,mas sinto que cada vez que eu ponho pra fora,é um peso a menos que carrego,não sou dessas que curte o luto em silencio,eu preciso vive-lo explicitamente,me conforta,me acalma e ter que lidar com essas lembranças todos os dias,não tem sido fácil.A dúvida do porque comigo,vem assombrar toda hora,minha gravidez já estava tão dificil,enjoos constantes,depressão gestacional(também tive),dúvidas infinitas e agora a culpa que me assombra dia e noite.
Enfim,foco na alegria do Dante tem sido meus breves momentos de paz,ele tem perguntado muito sobre o "nenezinho" e tem sido duro demais pra todos nós,agora só posso pensar que Dante é minha vida e preciso ter sanidade para criar um filho seguro e feliz...
Um super obrigada a todas as pessoas que me apoiaram,dividiram suas lindas historias com a gente,esta sendo fundamental.
Fui...
Nosso Dom,serei sempre mãe de dois |
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